16/10/2004 - Isto É Cíntia Moscovich traça minuciosa ciranda da condição feminina em 10 histórias
Contos
Arquitetura do Arco-Íris
Dirceu Alves Jr. • Enviar para um amigo
Uma viagem pelo universo de várias mulheres que podem ser apenas uma. Nos contos de Arquitetura do Arco-Íris (Record, 178 págs., R$ 26,90), Cíntia Moscovich parte das diferentes e, algumas vezes, ingratas etapas da vida para traçar uma minuciosa ciranda da condição feminina. Da menina judia atônita com a primeira ofensa sofrida até o embate silencioso entre mãe e filha incapazes de trocar um carinho, essas mulheres transitam entre o sonho ainda possível e a necessidade de criar uma fantasia para não perder o sentido da existência.
Autora detalhista, Cíntia dá um salto em sua ficção, que já demonstrava fôlego na novela Duas Iguais e nos contos de O Reino das Cebolas e Anotações Durante o Incêndio. Em Arquitetura do Arco-Íris, existe a diversificação dos personagens, uma narrativa mais universal e simbólica. Mesmo que não abra mão de faíscas provavelmente autobiográficas, a escritora busca em fragmentos do cotidiano a inspiração para suas histórias e colabora com a identificação de qualquer tipo de leitor. Afinal, nessa arquitetura habilmente planejada não é difícil deduzir que a menina ofendida pela vizinha tenha se transformado na adolescente que sonhou ser escritora, virou a jornalista dos obituários de personalidades vivas e acabou como a senhora resistente em reconhecer a perda da lucidez. Feminino plural